Para mitigar os efeitos do calor excessivo e otimizar a performance animal, a nutrição desempenha um papel fundamental.
O verão representa um desafio significativo para a pecuária, especialmente em regiões tropicais e subtropicais. O estresse térmico, ocasionado por temperaturas elevadas e alta umidade, compromete o bem-estar animal, diminuindo o consumo de alimentos, a produtividade e a eficiência reprodutiva. Por isso, a implementação de estratégias nutricionais e tecnológicas adequadas é fundamental para mitigar esses impactos.
Impacto do estresse térmico no metabolismo animal
Sob condições de estresse térmico, o metabolismo animal é profundamente alterado. O aumento do esforço para dissipar calor provoca maior demanda energética, ao mesmo tempo que reduz o consumo de matéria seca.
Segundo West (2019), bovinos leiteiros expostos a temperaturas extremas podem apresentar queda na produção de leite de até 25%, enquanto Baumgard e Rhoads (2020) relatam redução de até 35% no ganho de peso em bovinos de corte. Além disso, há comprometimento do sistema imunológico, tornando os animais mais suscetíveis a doenças.
Um estudo conduzido por Silanikove et al. (2020) demonstrou que a elevação da temperatura retal e da frequência respiratória em bovinos sob estresse térmico está correlacionada com a redução do tempo de ruminação, indicando um impacto direto na digestão e na saúde geral dos animais.
Para reduzir os danos causados pelo calor, este artigo tem o intuito de discorrer sobre algumas estratégias nutricionais para combater o estresse térmico:
- Ajuste na densidade energética da dieta
O uso de gorduras protegidas na dieta de bovinos é uma estratégia eficaz para aumentar a densidade energética sem comprometer a fermentação ruminal. Estudos demonstram que a inclusão de sais de cálcio de ácidos graxos pode melhorar a eficiência alimentar e o desempenho produtivo, especialmente em condições de estresse térmico, devido à menor produção de calor metabólico em comparação aos carboidratos.
- Uso de aditivos nutricionais
Leveduras e probióticos: leveduras vivas, como Saccharomyces cerevisiae, e probióticos são amplamente utilizados para melhorar a saúde ruminal e a eficiência digestiva, especialmente em condições de estresse térmico. Eles ajudam a estabilizar o pH ruminal, reduzir a produção de compostos tóxicos no rúmen e melhorar a digestibilidade de fibras. Em uma pesquisa, a suplementação com Saccharomyces cerevisiae foi associada a uma redução na acidose ruminal subclínica e melhora no desempenho em vacas leiteiras submetidas a estresse térmico” (Zhang et al., 2019).
Antioxidantes (vitamina E e selênio): o estresse térmico aumenta a produção de radicais livres, levando ao estresse oxidativo. Antioxidantes como vitamina E e selênio ajudam a neutralizar esses radicais, protegendo células e tecidos de danos oxidativos. Sánchez et al. (2021) mostraram que a suplementação com vitamina E (500 UI/dia) e selênio (0,3 ppm) melhorou significativamente os marcadores de estresse oxidativo e a eficiência alimentar em bovinos sob estresse térmico.
Betaína como osmolito: a betaína atua regulando o equilíbrio osmótico celular, protegendo as células contra a desidratação. Isso é especialmente útil em situações de calor extremo, onde os animais perdem grandes quantidades de água e eletrólitos. Trinacty et al. (2017) observaram que a suplementação com betaína em 1% da dieta melhorou a capacidade de retenção de água celular e reduziu a temperatura corporal de bovinos durante ondas de calor.
- Oferta de minerais específicos
Durante o estresse térmico, bovinos perdem eletrólitos, o que compromete o equilíbrio ácido-base, a hidratação e a capacidade de termorregulação. É por essa razão que há maior necessidade de eletrólitos como potássio, sódio e magnésio. Uma dieta suplementada adequadamente pode prevenir desidratação e melhorar a capacidade de termorregulação dos animais.
- Proporção de forragem:concentrado
Durante o estresse térmico, o calor metabólico gerado pela fermentação ruminal de fibras pode agravar o desconforto térmico. Substituir parte da forragem por concentrados de alta digestibilidade reduz a fermentação de carboidratos estruturais no rúmen, diminuindo a produção de calor. Além disso, concentrados proporcionam maior densidade energética, compensando o menor consumo de matéria seca que ocorre em altas temperaturas.
Vale destacar que embora a redução da proporção de forragem seja benéfica, é essencial incluir fontes de fibra efetiva para manter a motilidade ruminal e prevenir distúrbios, como a acidose subclínica.
- Fornecimento de água de qualidade
Vacas leiteiras, por exemplo, consomem significativamente mais água durante períodos de calor intenso e o consumo de água pode aumentar em até 20-50% dependendo da temperatura e da umidade relativa do ar. No verão, vacas leiteiras podem consumir entre 100 e 150 litros de água por dia, sendo o acesso contínuo à água limpa essencial para manter a produção de leite e a saúde geral.
A água ajuda na dissipação de calor corporal e é fundamental para manter a temperatura interna dos animais dentro da faixa ideal. Animais com acesso restrito à água apresentam queda no consumo de matéria seca, redução na produção de leite e aumento no risco de estresse térmico. O fornecimento de água fresca e abundante é o principal fator para minimizar o impacto do estresse térmico em vacas leiteiras, superando até mesmo os efeitos de ajustes na dieta.
A instalação de bebedouros adicionais em áreas de alta movimentação, como próximas às áreas de descanso e de alimentação, garante melhor acesso e incentiva o consumo. Bebedouros devem ser limpos regularmente para evitar a proliferação de microrganismos. O ideal é manter uma proporção de pelo menos um bebedouro para cada 10-15 animais, com um espaço linear de 10 cm por animal.
- Importância da dieta com uma mistura de excelência
Equipamentos de mistura de ração total, como os fornecidos pela Casale, desempenham um papel essencial na aplicação dessas estratégias nutricionais. Misturadores de alta precisão garantem a homogeneidade ideal da dieta, promovendo distribuição uniforme de nutrientes. Além disso, a capacidade de realizar ajustes rápidos nas formulações permite atender às demandas específicas de cada rebanho e condição climática.
A Casale oferece soluções como misturadores verticais e horizontais, que asseguram maior eficiência operacional e reduzem o desperdício. Essas tecnologias permitem integrar ingredientes específicos, como gorduras protegidas e aditivos, de maneira precisa, otimizando os resultados nutricionais.
Considerações finais
Mitigar os efeitos do estresse térmico é um desafio complexo que exige uma abordagem integrada. Estratégias nutricionais bem planejadas, aliadas ao uso de tecnologias avançadas como os misturadores de ração total da Casale, são fundamentais para proteger o bem-estar animal e garantir a sustentabilidade da produção pecuária. A adoção dessas práticas não apenas minimiza perdas econômicas, mas também reforça o compromisso com a eficiência e a qualidade.