BLOG

Bezerros e novilhas sem estresse: estratégias para manter a produtividade em alta

14/11/2025 | Blog | 0 comments

O estresse térmico é um dos maiores inimigos da eficiência produtiva. Entenda como estratégias integradas reduzem os impactos do estresse térmico e promovem uma pecuária mais saudável e rentável.

O estresse térmico é um dos principais limitantes da eficiência produtiva na pecuária de corte tropical, especialmente em países como o Brasil, onde as altas temperaturas e a umidade relativa elevadas são comuns por boa parte do ano. 

Quando a temperatura ambiente ultrapassa o limite de conforto térmico dos bovinos ocorre um desequilíbrio entre a produção e a dissipação de calor, exigindo grande esforço fisiológico dos animais para manter a homeostase.

Em bezerros e novilhas, que ainda apresentam sistemas termorregulatórios imaturos e maior sensibilidade metabólica, o impacto é ainda mais expressivo, refletindo-se na queda de consumo alimentar, menor eficiência de conversão, atraso no ganho de peso e comprometimento da imunidade. Estudos demonstram que sob condições severas de estresse térmico, o ganho médio diário (GMD) pode ser reduzido em 20% a 35%, e a eficiência alimentar em até 25%. 

Segundo a FAO (2023), o calor excessivo já é responsável por perdas superiores a US$ 13 bilhões por ano na pecuária global, consequência direta da queda de produtividade, do aumento dos custos com suplementação e da mortalidade em casos extremos. Esses números evidenciam que o manejo adequado do conforto térmico e da nutrição não é apenas uma questão de bem-estar animal, mas um fator estratégico para a rentabilidade da atividade pecuária.

Impactos fisiológicos e produtivos

Quando a temperatura e a umidade ultrapassam o limite de conforto dos bovinos (THI > 72), os animais ativam uma série de respostas fisiológicas para dissipar calor, incluindo aumento da frequência respiratória, vasodilatação periférica, elevação da taxa de sudorese e redução do consumo de ração.

Embora esses mecanismos sejam fundamentais para tentar manter a homeostase térmica, pesquisas indicam que, sob condições de calor intenso, eles não são suficientes para evitar perdas produtivas.

Experimentos realizados com bezerros Nelore demonstram que a carga térmica exerce efeito direto sobre o desempenho nas fases iniciais de vida. Em avaliação conduzida pela Embrapa com bezerros até 28 dias, animais mantidos em condições térmicas mais favoráveis atingiram, ao final do período, 2,4 kg a mais de ganho de peso total quando comparados a congêneres submetidos a estresse calórico, evidenciando que o calor diminui a eficiência do crescimento neonatal.

De forma semelhante, novilhas expostas a 34°C por 45 dias apresentaram queda de 0,2 a 0,35 kg/dia no GMD, acompanhada de um aumento de 40% na frequência respiratória — um indicador claro de sobrecarga térmica.

Além do impacto no crescimento, o estresse térmico compromete o sistema imunológico, tornando os animais mais suscetíveis a doenças. A exposição prolongada ao calor reduz a proliferação de linfócitos, altera a função das células de defesa e aumenta a incidência de infecções respiratórias e diarreias, principalmente em bezerros jovens, que possuem imunidade ainda em desenvolvimento.

Além dos efeitos sobre crescimento e imunidade, o estresse térmico também pode comprometer a reprodução de novilhas. Estudos indicam que a exposição prolongada a altas temperaturas durante a fase pré-púbere ou ao redor da puberdade pode atrasar o início da puberdade em até 20 dias e reduzir taxas de concepção em 10 a 15%.

Isso ocorre devido à alteração na liberação de hormônios reprodutivos, incluindo LH e FSH, e ao estresse metabólico que prioriza a manutenção energética em detrimento da função reprodutiva.

Incorporar estratégias de nutrição de precisão, manejo de sombra e hidratação adequada é fundamental para minimizar esses impactos e garantir que o desenvolvimento sexual e a fertilidade futura não sejam comprometidos.

Estratégias nutricionais e manejo alimentar

A nutrição é uma das ferramentas mais importantes para minimizar os efeitos do estresse térmico em bezerros e novilhas. Dietas formuladas para alta digestibilidade e baixa produção de calor metabólico ajudam a manter a ingestão de nutrientes e o desempenho mesmo sob altas temperaturas. 

O equilíbrio adequado de energia, proteína, minerais e vitaminas é essencial para sustentar o crescimento, preservar a função imunológica e reduzir os impactos do catabolismo induzido pelo calor.

O uso de aditivos nutricionais, como antioxidantes (vitamina E, selênio) e probióticos, têm mostrado resultados positivos. Neves et al. (2025) observaram que bezerros suplementados com antioxidantes apresentaram melhora de 12% na eficiência alimentar e redução de 15% nos marcadores de estresse oxidativo, indicando menor dano celular e melhor capacidade de recuperação metabólica sob calor excessivo.

A hidratação adequada é igualmente crítica. Bovinos em condições de estresse térmico podem aumentar o consumo de água em até 50%, sendo fundamental garantir acesso fácil e constante a água limpa e fresca. 

A disposição estratégica de bebedouros em áreas sombreadas e de fácil acesso reduz a competição entre animais, incentiva a ingestão adequada de líquidos e ajuda a manter a homeostase térmica, essencial para preservar o consumo de ração e o ganho de peso. 

Conforto térmico e bem-estar

O conforto térmico é um fator determinante para o desempenho e a saúde de bezerros e novilhas. Entre as estratégias mais eficazes e de baixo custo, o sombreamento se destaca. Evidências mostram que o impacto começa antes mesmo do nascimento: bezerros Nelore cujas mães foram expostas a condições de estresse térmico nas últimas semanas de gestação podem apresentar redução média de até 1,13 kg no peso ao nascer, sinalizando que o calor compromete tanto o desenvolvimento fetal quanto a vitalidade inicial dos animais.

O manejo do pasto também exerce papel central no bem-estar térmico. A rotação estratégica de piquetes permite que áreas de descanso e alimentação mantenham vegetação adequada, reduzindo a exposição ao solo quente e criando microclimas mais amenos. Além disso, o uso de sombras móveis ou naturais distribui os animais em locais com menor carga térmica, reduzindo a competição por recursos e favorecendo o comportamento natural, como alimentação e repouso. 

Em sistemas sem sombreamento, é comum que o Índice de Temperatura e Umidade (ITU) ultrapasse valores críticos, chegando a 83–86 em períodos de onda de calor; já em sistemas com maior cobertura arbórea, o ITU pode cair para níveis próximos a 80, o que se traduz em redução da carga térmica direta sobre os animais e menor esforço fisiológico para manter a homeostase.

Essas práticas, quando combinadas, minimizam a sobrecarga metabólica causada pelo calor, preservam a ingestão de ração, reduzem o risco de estresse oxidativo e contribuem para a manutenção do ganho de peso e da saúde imunológica dos animais em períodos críticos de temperatura elevada.

Monitoramento e tecnologia a favor da pecuária

O monitoramento contínuo das condições ambientais e do comportamento animal é essencial para a detecção precoce do estresse térmico e para a tomada de decisões rápidas e assertivas. O uso de coleiras de monitoramento, sensores de temperatura e umidade, e softwares de gestão zootécnica permite acompanhar variáveis como frequência respiratória, padrões de alimentação, atividade física e períodos de descanso, fornecendo indicadores precisos do estado fisiológico dos animais.

Além disso, sistemas integrados de análise climática possibilitam correlacionar dados ambientais e comportamentais, permitindo ajustes em tempo real no manejo — como redistribuição de cochos e bebedouros, alteração de lotações ou mudança de áreas de sombra, reduzindo o impacto do calor sobre o desempenho. 

Estudos recentes mostram que a adoção de tecnologias de monitoramento pode melhorar o ganho de peso em até 10% em períodos de estresse térmico, ao otimizar nutrição e manejo. 

O estresse térmico é um inimigo silencioso da pecuária de corte tropical, comprometendo diretamente crescimento, conversão alimentar e rentabilidade. Entretanto, estratégias integradas — que combinam nutrição de precisão, manejo ambiental adequado e monitoramento tecnológico — são capazes de reduzir significativamente seus impactos, protegendo o desempenho, a saúde e o bem-estar dos animais, e promovendo uma produção mais eficiente e sustentável.

A Casale se posiciona como parceira do pecuarista na busca por desempenho e bem-estar animal, oferecendo soluções em tecnologia de mistura e fornecimento de ração que asseguram dietas homogêneas, de alta digestibilidade e equilíbrio nutricional — fatores essenciais para minimizar os efeitos do estresse térmico e garantir ganho de peso consistente mesmo sob altas temperaturas. 

Com inovação e conhecimento técnico, a Casale contribui para uma nutrição mais eficiente, sustentável e alinhada às exigências do clima tropical.

Share:

Open Chat
1
Casale thanks you for your contact! How can we help?